– Um corpo rompe o ar até se espatifar no piso do navio.
Era noite de festa e estávamos na orla de Copacabana ancorados ( Rio de Janeiro Brasil ) – No navio “Plata del Mar” ( Esperando os fogos que iniciariam o ano de 2015). Eu, Brasileiro-Cubano no meio de tantos turistas ( estava no segundo piso) me assustei diante de tantos gritos ensurdecedores – e ao olhar para o andar de baixo – vi um corpo banhado em sangue espatifado no piso inferior.
Desci, como todo bom curioso, mas, ali baixou em mim o detetive Rubens Falcon ( Filho de Cubanos) e erradicado no Brasil há exatos quinze anos. Estava ali comemorando não só mais um ano, mas aproveitando minhas merecidas férias – que acabavam naquele instante.
Pedi licença às pessoas e me apresentei como Falcon detetive, e me vi adentrando a multidão de curiosos até chegar no corpo e conversar com os médicos e para-médicos que constataram a ausência de vida.
Mas o que aconteceu? Porque alguém se jogaria do terceiro piso de um navio ancorado diante de uma multidão e num momento tão especial ( Creio )?
Logo, a guarda costeira fora chamada e comecei – ali mesmo por conta própria – a investigar o que me parecia entranho. Quem era aquela pessoa? Por que hipoteticamente se matou? Ou será que não fora jogado? Obvio, que uma autópsia detalhada iria dar mais informações do que minha imaginação detetivesca poderia.
Conversando com as pessoas descobri que se tratava do Milionário Corleonne Bartollo um Italiano recém casado com uma garota 35 (trinta e cinco anos) mais jovem que estava aos prantos sendo consolada por mais 3 (três) pessoas. Quem eram aquelas 3 ( três ) pessoas? – Uma logo descobri ser a mãe da moça ( Uma senhora com um ar sombrio sério e não demonstrava nenhum sentimento pelo ocorrido – Pelo menos via face) , o outro, o irmão de Corleonne ( Matheu Corleonne – Que derramava tão poucas lágrimas que me parecia mais estar em choque). Mas estranhamente percebi na 3a (terceira) pessoa o que me chamou a atenção? O sangue nas mãos ( Era o mordomo da Família Corleonne que acompanhava o seu chefe e fora o primeiro a descer desesperado ( ansioso para encontrar o patrão de tantos anos, ainda com Vida).
Como eu soube de tudo aquilo em pouco tempo? Olhando e conversando com pessoas. Mas logo fui expulso do ambiente onde só estavam a nata da sociedade carioca misturada à turistas do mesmo nível social.
Tão logo a polícia chega, a perícia começa a ser feita e me chama a atenção uma perfuração profunda nas costas do cadáver. O que era aquilo se ele caiu de frente? E não caiu sobre nada?
Me aproximo de Matheo e peço desculpas por incomodá-lo naquele momento tão triste ( Me apresento como Falcon – Somente Falcon ) e o pergunto se viu aquela perfuração, e se algo ocorreu no piso onde estavam. Ele me disse que não estava em condições de falar. Mas ao insistir, ele somente me relatou que o irmão havia discutido com a esposa que parecia bêbada e dando encima de um jovem Brasileiro.
Fui pesquisar quem era este jovem e descobri chamar-se Felipe Carrara filho de um empresário Carioca. Procurei saber onde estava Felipe, e ao encontrá-lo ainda no navio ( Já que a polícia não permitiu a saída de ninguém até a perícia encerrar o seu trabalho – e eles terem acesso aos dados de toda a tripulação).
Conversando com Felipe, como quem não queria nada, percebi que estava bêbado – e ao perguntar o que achava da “Bella Donna” Esposa do falecido, ele me jogou a seguinte palavra: – ” Louca”. – Louca ? Pergunto . Por quê? E ele logo diz: – Queria me agarrar na frente do marido. Sai de perto e ela veio atrás. Logo ele também e em seguida a queda.
Resolvo no meio de tanta gente aglomerada ir até o quarto, despistadamente, do Sr Corleonne – e para minha surpresa quem vejo? O mordomo guardando algo. Ao se deparar comigo o mesmo se espanta e tenta sair do local. Mas o vi o medo nos seus olhos e o segurei perguntando: – O que aconteceu aqui? O que guardou naquele cofre? Abra? Sou da Polícia ( mentira necessária).
Aos prantos e numa mistura de Italiano com Português ( Agora entendo por que ele entendeu minhas ordens). Ele começou a abrir o que nós brasileiros chamamos de o bico.
Começa ele: – Estava tudo perfeito. Iríamos matar este velho maldito. Já sabíamos do testamento. Ele cairia no mar envenenado e tão logo o encontrassem o veneno não estaria mais no seu corpo. Mas tinha que aparecer aquele jovem brasileiro e aquela vagabunda bêbada quase de jogar nos braços dele na frente do marido. Eu avisei para ela parar, mas, não me ouviu!!!!
Para minha surpresa o mordomo do Sr. Corlleonne de tantos anos era um dos seus herdeiros no testamento e o sabia. E a vagabunda, segundo ( Era ninguém em menos que sua neta ).
Minha síntese? – Crime perfeito. O fiel escudeiro de anos casa a Neta com o Patrão (Já sabendo ter grande parte da herança no seu nome) . Forjam uma viagem de ano novo, levam um parente do falecido para tudo passar desapercebido – como uma simples fatalidade – e um corpo de cairia ao mar tomado por veneno, cai no piso de um navio.
Mas e a perfuração? – Não sobrou muito para o Mordomo de nome Jacks ( nome mais inglês que italiano), então me contar a peça que faltava, já não significava muito ( Ela já estava perdido).
Final da história… Jacks desesperado após tudo dar errado fora até o quarto guardar o veneno que passara a noite dando ao seu chefe. Já que estava envenenando o patrão, ao longo de toda a noite, ao vê-lo se levantar para ir atrás da esposa (que corria para os braços do Jovem e belo Brasileiro) tentou acelerar o processo e jogar o já bêbado Corleonne ao mar. Mas, um erro foi fatal. Ao correr cambaleando ( Bêbado e dopado por veneno ), ele o Sr Corleonne caiu com o copo de Whisky na mão ( o que explica a perfuração nas costas).
Prendi Jacks no quarto, e fui procurar a polícia com o meu velho gravador no bolso. Ao voltarmos, Jacks estava dependurado no ventilador se movendo enforcado numa cortina branca.
Crime resolvido. Volto para as minhas merecidas férias, mas, em terra firme.