Bem….Sempre que perdemos alguém que contribuinte fora para que a nossa cultura torna-se mais sólida e rica. Eu confesso, prefiro escrever uma crônica depois de um certo tempo. Já que aparecem sugadores e exploradores da morte alheia de todos os lados.
Estive internado por noventa dias e, segundo as enfermeiras, fui o mais visitado ( 500 pessoas no decorrer deste tempo ). Bem, me pergunte se quinhentas pessoas ligam para saber como estou e lhe darei a resposta!
José Eugênio Soares ou Jô nome dado por sua ex esposa mãe do seu filho autista , com uma doença rara e um talento também raro ouvido absoluto. Jô Soares é patrimônio da cultura brasileira não só pela inteligência – já tão descrita. Mas, pela ousadia e pelo inovadorismo.
Foi resiliente nos idos da sua juventude! E de cara gravou com Oscarito ( O astro maior daquela época). Depois foi ousado ao escrever para Golias – outro Gênio do humor ( substituindo Carlos Alberto de Nobrega sem que o Golias soubesse). Foi antes de tudo sábio ao reinventar o estilo de humor com : Não faça Guerra faça humor e Satiricom.
Criativo fez mais de 200 ( duzentos personagens sem nome – QUASE TODOS) e que ficaram na memória popular pelos bordões.
Usou brinco, já numa idade em que poderia ser visto como fora da curva pelas patrulhas de plantão (Mas a sua genialidade era tanta, que quase pouca gente percebia o Jô com brinco ou se falou sobre – numa época ainda conservadora).
Foi o pai (Junto com Chico Anysio e o grande José Vasconcelos) do mais legítimo standap Comedy do país ( comédia em pé). Ria de si mesmo. Trouxe para o pais os chamados Talk Show´s com bandas!
E assim durante décadas com mais de 14.000 entrevistas Jó arrancou o melhor até de quem não tinha nada para dizer.
Jó escreveu 5 livros fantásticos que tenho (Já que adoro tramas policialescas). E ele, como eu fã da Dama Agatha Cristhie, deu um show de cultura e mistério em cada livro. Conseguiu inserir Martarari em o homem que matou Getúlio de forma genial.
Assisti peças do Jô! E tive o privilégio de aguardar horas numa fila para simplesmente dizer que o achava genial – e deixei com ele um texto meu. Para minha surpresa ele não só aceitou, guardou no bolso, leu e me chamou para uma entrevista ( recusei por medo – como fiz com Marília Gabriela ) Achava que não tinha nada que dizer de importante. Disse a produção dele que não buscava a fama, e sim, que ele comentasse o que achou do meu texto ( Só ). E sim, Jô me respondeu num antigo e-mail que usava no hotmail :Pseudonimo Kevin ( Adorava este nome por causa do filme esqueceram de mim) . E escreveu Jô : “…Continue Robson, seus textos são muito bons, mas, escreva um livro pelo amor de Deus! E me envie por que terá que vir no meu programa.”. E eu não escrevi o livro e nunca fui ao programa.
Meu amor era pelas palavras. Pelo ofício. Como é até hoje. Logo, não me estranha Jô ter lançado tanta gente. Era acessível. E se visse potencial investia e motivava. O Jô foi discreto até a morte. E nisso eu tentarei ser como ele. Discreto até morrer e produtivo até o último respiro.
Jô obrigado! Este país não saberá nunca a sua dimensão, a de Chico Anysio, Manoel de Nobrega, Carlos Alberto de Nobrega, Oscarito, Grande Otelo todos atores…. mais que humoristas…Ou humoristas por que eram atores ( Carlos Alberto ainda esta Vivo).
Obrigado Sr. Eugênio. Grande Gênio da nossa cultura. Um beijo para os céus deste país imenso e que ele chegue até o Gordo brasileiro nato – que respirava cultura!!!!
Deste desconhecido…Robson Nunes.