Eu nasci morto! Sim , em 1980 – quando nasci, num mês de janeiro, os médicos disseram que eu estava morto no ventre da minha mãe ( Dois ultrasons comprovavam a minha mortalidade). Minha amada e doce mãe perderá alguns filhos por eclanpse ( Creio ser este o nome médico desta fatalidade que até hoje acomete algumas mulheres!). Meu pai, diante da sua fé grandiosa, se ajoelhou num dia chuvoso e pediu ao seu Deus vida para o que já era a sua última tentativa de ter um filho. Ao voltar para o hospital , horas depois, eis que o parto estava feito. Sua esposa em coma, e como um milagre , seu filho estava vivo ( era um dos mais gordinhos do berçário diziam ) – Nem o médico soube explicar…Mas disse que o Deus do meu pai era muito poderoso! Esta criança passou meses na casa de uma tia querida até a recuperação da sua amada mãe – que também escapara por pouco da morte.
Juntos, os três começaram uma jornada rumo a existência . A criança cresceu sendo educada na igreja por seus pais humildes , estudou em escola pública, cantou em coral, fez teatro, foi gordinho, pregou nas igrejas, viu seu pai internado como um louco por muitas vezes, brigou com família para defender seus pais, crescendo foi ganhando força caráter e sensatez. Ouviu os conselhos do tio Bené -sentado num banco, da tia Conceição sentado numa cisterna, aprendeu a bondade com a mãe ( humilde, simples e faxineira) . Viu o pai pelas grades do hospital de loucos ( Ansioso por seu abraço!). Perdeu a amada avó. Viu sua casa, um barraco, quase cair na sua cabeça em dias chuvosos, viu sua irmã adotiva ser sequestrada pela mãe, sua melhor amiga dos anos de escola morrer afogada, viajou de Kombi para o interior inúmeras vezes com um tio amado. Perdeu tios queridos. Enterrou o avô. A tia conselheira. Passou em vários vestibulares. Foi estagiário dos piores. Quase morreu em 2015. Foi do pior estagiário no primeiro emprego a sociedade empresarial onde conheceu quem seria o seu melhor amigo e irmão em quase 23 anos de jornada . Teve muitos amigos , alguns verdadeiros e outros falsos. Foi traído por amores de todas as espécies. Morou num bar com a mãe ao ser expulso do barraco onde morava, não esquece do Tio Bené e da tia Geralda levando o Yogurte que ele pediu. Fez faculdade vendendo vale transporte e completando com o salário de estágio. Usou o mesmo tênis até este perder a sola e colocou jornal para continuar rumo ao sonho de mudar a vida dos pais e a sua. Ficou um ano sem cortar cabelo porque não tinha dinheiro. Este menino em 2015 tinha menos de 1% de chance de vida e novamente venceu a morte – seu apelido se tornou milagre. Este menino, hoje um homem de quarenta anos, solteiro por opção, se tornou pai adotivo da Bela Ana Clara, deu uma casa para os pais, têm 4 cães, já foi professor, palestrante, escritor, cantor de coral, gente boa, gente chata, toca piano, foi ator de teatro…vive o presente! Agradece a grande mãe e o grande pai que têm nesta vida. Aos familiares que gostam – ou não dele. Ao ex amigos. Aos amigos. Aos colegas de trabalho. E Luterano, agradece a Deus! Valeu ter uma prima irmã para bater campainha e sair correndo nos idos da infância. Ter um avô alegre e bem humorado. Ter uma origem religiosa, mas com bases sólidas no caráter.
Este menino sou eu… Orgulhosamente Robson Batista Nunes…ou o milagre, o bola de estopa, o Robinho ou o binho. O que sofreu preconceitos pelo rótulo de super dotado ( inteligência) , ou por ser gordinho. Que chorou ao ver o pai ser esfaqueado . Que riu com o tio Zé , que tirou e tira sorrisos de muita gente. E venceu a morte algumas vezes… Mas minha vitória não é ter essa história – é não guardar mágoas, rancores, ter perdoado… E viver intensamente, e saber que tudo termina e recomeça.
Obrigado ( Lurdinha, Geralda, Antônios, Josés, Tia Maria querida , Fabrício Lara meu melhor amigo de anos , Miguel, Cibele, Zizi, Ladinha,Dalvas,Fábios, Xaulim e parentes que amo, não amo, amigos, ex amigos, inimigos, colegas de trabalho que me odeiam ou me amam!)
A vida não me fez um vencedor egocêntrico e tolo. Me ensinou a sobreviver feliz ! Com alegrias, tristezas e frustrações!
A vida que vivi, viveria de novo. Com amigos, inimigos e amores … E dela tirei o melhor, a fruta mais fresca e nobre!
Este sou eu, nem perfeito, nem bom, nem mal … O padrinho da Gabriela e da Marina. O homem que dormiu na empresa para aprender – que leu milhares de livros, o Amigo do Vítor, do Wagner e do Tiago…Mas, que se define como um passageiro em vidas alheias. E a morte, como justa que é, só me fez entender que: – Melhor, eu não sou que você! Mas, que juntos podemos mudar alguém e alguns! Talvez o mundo. Este sou eu…O Robson..O Nunes. O sobrevivente… orgulhosamente filho da Túnica e do Feliciano.
Prazer!!!!