Eu sou notadamente um ser do Teatro. Exerço algumas profissões que amo.
Eu sempre acreditei que você não precisa amar somente uma profissão e exerce-la até o fim. Durante 4 ( quatro anos ) fiz parte parte de um Grupo ou companhia de teatro chamado Terra Roxa e lá com o mestre Rolim aprendi a arte de interpretar, memorizar textos e ser vários em um…
Conheci a história do teatro Brasileiro… Entendi o valor deste ofício.
..Sim…um ofício!
Sou fascinado pelo Teatro das chamadas COMPANHIAS ( criadas no século XX ).
O teatro brasileiro ganha nova cara no século XX. O teatro se torna uma linguagem mais autentica no país. Companhias nacionais surgem a partir da década de 30, como, por exemplo, o Teatro do Estudante do Brasil (TEB), em 1938.
Entretanto, foi em 1943 que essa expressão ganha maior visibilidade, com a estreia da peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, inaugurando um teatro moderno no país. Assinou a direção do espetáculo o dramaturgo polonês Ziembinski.
Outros grupos importantes surgem, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. É o caso do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), criado em 1948 por Franco Zampari. Dele participam nomes importantes como Cacilda Becker, Paulo Autran, Walmor Chagas, Tônia Carrero e Fernanda Montenegro.
Fernanda Montenegro, atriz brasileira
A atriz Fernanda Montenegro integrou a companhia Teatro Brasileiro de Comédia nos anos 60.
Anos depois é fundado o Teatro de Arena, em 1953. O grupo trazia uma aura revolucionária e contestadora frente a tensão política e social dos anos pré-ditadura. Uma peça que marcou o início da companhia foi Eles não usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarniere, encenada em 1958.
Um nome muito importante para a cena teatral brasileira é Augusto Boal, ator e dramaturgo que integrou o Teatro de Arena.
Ele idealizou um método de ensino, o Teatro do Oprimido, com a intenção de tornar essa linguagem mais democrática e acessível.
Mas, dois em especial, fizeram do teatro a cara do Brasil ( Paulo Autran e Fernanda Montenegro ).
Em carta emocionante para Fernanda Paulo disse: “meu infarto foi o meu fim como ator”.
A carta é um dos pontos altos do documentário “Paulo Autran – O Senhor dos Palcos”, de Marco Abujamra.
O artista revelou ainda que não estava contente, mas que vivia bem, graças ao “astral privilegiado” da esposa, Karin Rodrigues.” Meus médicos dizem que não vou morrer do câncer, que está controlado e praticamente não é mais visto nas chapas. O especialista do coração me diz que estou ótimo. E eu me pergunto: vou morrer de quê?”.
E Fernanda reescreveu:
“Tive um um estupor, um choque, um desassossego, uma adrenalina, se posso dizer, paralisante, porque se você para, se você encerra sua vida de palco, toda a nossa geração para, todos nós vamos com você”
Em rara entrevista a atriz conta que, apesar de não serem “nem amiguinhos nem amigões”, ela e Paulo costumavam prestigiar o espetáculo um do outro. Os dois artistas também partilhavam um grande momento da teledramaturgia brasileira: as cenas em que estavam juntos na novela “Guerra dos Sexos”, exibida pela Rede Globo em 1983. Fernanda contou que era “como se sempre estivessem juntos em cena”.
Na última correspondência dos dois, Fernanda admitiu que chorou com a carta de Paulo. “Pelo passado, pelo presente e (por que não?) pelo futuro. Sei, na pele e também por olhar em volta, que não é fácil atravessar a chamada velhice.”
“Com ele morreu uma geração, sim. Um tipo de atores que carregou o teatro desde João Caetano. Acho a morte do Paulo um sinal de fim de era”.
E de fato Fernanda tinha razão. A morte de Paulo foi um fim de uma era! E todos daquela geração…
Me sinto um ser do teatro. Mas, nunca mais voltei por que sinto que essa parte se foi com Paulo Autran.
Robson Nunes.